Para achar as terrinhas da senadora golpista Ana Amélia (que ela não declarou à Justiça Eleitoral por estarem ainda no espólio do marido, o que pode ter lhe custado a eleição a governadora do Rio Grande do Sul, em 2014) parti dos registros de terra publicados na internet no site Sociedade e Política, depois das denúncias do site Cloaca News.
A partir de descrições de topógrafos, tentei achar uma referência. As melhores eram os rios e córregos. Para localizar o córrego Vereda, perto do rio Paranã, encontrei num site do governo de Goiás todos os principais cursos d’água do estado — que são chamados de “drenagem”, em linguagem topográfica — em formato shapefile (SHP), muito usado em sistemas geográficos. Pelo QGIS, converti para o formato KMZ do Google Earth.
Achado o local aproximado no Google Earth, a Nordeste do Distrito Federal, comecei a desenhar o contorno, em um local próximo do córrego Vereda, a partir das descrições do agrimensor. São descrições como “Começam no marco 4, cravado na margem esquerda do Córrego Vereda […] daí segue à esquerda, rumo de 54° 00′ NW, distância de 1940 metros”. O sistema de agrimensura usado foi o chamado “azimute e rumo”, em que se registra o ângulo e o quadrante e a distância em metros entre pontos (Veiga; Zanetti; Faggion. Fundamentos de Topografia. Curitiba: UFPR, 1912. p. 111). Usei a ferramenta de medição do Google Earth para traçar segmentos de retas segundo estes ângulos e distâncias.
Observando o traçado de uma das terras, comecei a observar o terreno, para achar referências. Achei feições que poderiam corresponder aos limites, mas o ângulo parecia errado. Gerei um bitmapa com o traçado, para poder importá-lo, movimentá-lo e girá-lo. Fiz isto exportando a imagem do Google Earth, e no GIMP selecionei só os elementos em cor vermelha, cortei fora o fundo, que deixei transparente com a camada alfa, e exportei como PNG. No Google Earth, importei como overlay e dimensionei para o tamanho correto em cima dos segmentos de reta que havia desenhado, para ficar no tamanho correto. A partir daí, já pude mover e rotacionar.
O traçado casava com certas feições geográficas, mas num ângulo de 19° em relação ao Norte geográfico. Aí, lembrei que os topógrafos teriam usado bússola magnética (não existia GPS na época em que o registro foi feito). Dependendo do lugar da Terra, a bússola pode apontar para uma direção com 20 a 30 graus de diferença em relação ao polo Norte geográfico — o que é chamado “declinação magnética”. Então, uma desvio de 19 graus era aceitável. Acessando dados de declinação do Observatório Nacional, confirmei esta informação. Com isto, pude traçar o perímetro da fazenda menor de Ana Amélia, e, a partir deste, o perímetro da fazenda maior.
Amigo preciso jogar pontos desse rumo no google earth para fechar um perímetro, podes me ajudar?
Olá, Fulvio!
No que eu puder ajudar, dentro dos meus limitados conhecimentos de topografia… mas não entendi sua dúvida.