[Obsoleto. A atualização está em no artigo Como gerei mapas dos 5570 municípios brasileiros no Google Earth]
Existem ilustrações vetoriais de limites geográficos político-administrativos e mapas de todos os 5566 municípios brasileiros na Wikipedia [em 2017, já são 5570], graças ao trabalho de um usuário que converteu ilustrações do IBGE em formato CorelDraw (CDR) para Scalable Vector Graphics (SVG).
Mas eu queria também arquivos vetoriais no formato KML do Google Earth (GE), para evitar ter que gerar e posicionar manualmente overlays de imagens PNG convertidos dos SVG, que ficam com resolução ruim vistos de perto. Pesquisando no site do IBGE, descobri arquivos de “malha digital” em formato ESRI shapefile, que é um padrão de facto de dados geográficos. Cavando mais na internet, descobri programas para converter dados geográficos com suporte para formato KML do GE. Então, gerei um KML com os limites geográficos de 5566 (já são 5570, mas não há ainda o mapa dos novos) municípios brasileiros com dados de 2007 do IBGE. O arquivo ficou com 10.8 MB, mas, apesar de grande, carrega relativamente rápido no Google Earth.
[Atualização: O Google Earth Professional, agora distribuído gratuitamente, abre diretamente shapefiles. É para Windows, mas roda bem no GNU/Linux sobre a camada de compatibilidade Wine. Ele importa os SHP, mas o nome dos municípios não fica no lugar certo do arquivo. Ainda é necessário colocar o nome pela procura-e-troca no Notepad++, conforme descrito abaixo].
Para obter o KML de um único município, procurei-o pela caixa de procura dos “Lugares” do GE, copiei e colei na própria janela de placemarks do Google Earth. Com a receita abaixo e com outros conjuntos de dados do IBGE, é possível se gerar o KML por região, por estado, por mesorregião e por microrregião. Os dados de 2005 têm melhor resolução, de 50 metros. Os outros, resolução de 250 metros. As linhas são simplificadas, pois os arquivos ficariam gigantescos se a resolução fosse maior.
Making of
Arquivo original em formato ESRI shapefile convertido para KML pelo Linux, pacote gdal-bin, programa ogr2ogr. Linha de comando:
export OGR_FORCE_ASCII=NO
ogr2ogr -f "KML" -t_srs EPSG:4326 municipios.kml 55mu2500gsr.shp
Para os dados de 2005, o comando é este:
ogr2ogr -f "KML" -s_srs EPSG:4326 -t_srs EPSG:4326 brasil.kml 55mu500gc.sh
Os placemarks são gerados sem nome pelo ogr2ogr.
Colocando nomes nos placemarks
Para colocar os nomes, usei a procura e troca do Notepad++ através de expressões regulares (regexp). Usei o recurso de regexp em que a gente agrupa um padrão de busca entre parêntesis e recoloca este padrão no texto substituído, com \1, \2
etc. Assim, peguei cada nome dentro do campo <SimpleData name="NOME">Aceguá</SimpleData>
e inseri o campo <name>Aceguá</name>
dentro de cada placemark.
Para os dados de 2005 e 2007, procurei por:
<Placemark>(\n.*?\n.*?\n.*?\n.*?.*?NOME">)(.*)</SimpleData>
Os dados de 2010 precisam desta regexp:
<Placemark>(\n.*?\n.*?\n.*?\n.*?\n.*?\n.*?.*?MUNIC">)(.*)</SimpleData>
E os dados de 2013 precisam desta regexp:
<Placemark>(.*\n?.*\n?.*?\n.*\n?.*\n?.*MUNICIP">)
(.*)</SimpleData>
Troquei por:
<Placemark>\n\t<name>\2</name>\1\2</SimpleData>
Repare que o comando \2
é uma espécie de variável que insere o nome do município guardado pelo segundo grupo de parêntesis (.*)
. O comando \1
simplesmente repete o padrão encontrado no primeiro grupo de parêntesis, o comando \2
, repete o segundo grupo de “(…)”, etc.
Mas o arquivo gerado pelo ogr2ogr tem acentuação em formato ANSI ou ISO-8859-1 (por isso a configuração OGR_FORCE_ASCII=NO
, para conservar a codificação dos acentos). No Notepad++, precisei converter para ANSI e — sem salvar o arquivo — recarregá-lo e convertê-lo para UTF-8, que é a codificação do KML (padrão XML). É um comportamento estranho, converter e recarregar sem salvar, talvez porque o Notepad++ esteja rodando em Wine. Tenho que testar a conversão no Windows.
Download
Aqui está o KMZ com todos os perímetros municipais brasileiros em 2007 em resolução de 250 metros. Arquivo com 10.8 MB. Também tem os perímetros municipais brasileiros em 2005, com melhor resolução, de 50 metros. Arquivo com 15 MB.
Preparando uma tabela Google Fusion
Para preparar uma tabela para o Google Fusion, preciso apenas do nome da cidade e do polígono relacionado a ela, separados por tabulação, num arquivo tipo TSV (valores separados por tabulação).
A expressão regular para os dados de 2013, então, é:
<Placemark>(.*\n?.*\n?.*\n?.*?\n.*\n?.*\n?.*?MUNICIP">)(.*)</SimpleData>.*?\n.*?\n
Que substituo por \2\t (o que foi encontrado mais uma tabulação). Depois limpo as marcações que sobraram, como:
\n.*?</Placemark>
E, à mão, limpo o início e fim do arquivo KML.
[2023-04-25 Nota do editor] Atualização deste post:
Referências
- Fun with shapefile. <http://levien.zonnetjes.net/?
q=shapefiles> - GDAL configuration options. <http://trac.osgeo.org/gdal/
wiki/ConfigOptions> - How to use regular expressions in Notepad++ (tutorial). <http://sourceforge.net/apps/mediawiki/notepad-plus/index.php?title=Regular_Expressions>
- KML Documentation. <https://developers.google.com/kml/documentation/>
- Shapescape. Site para converter diretamente shapefiles para tabelas do Google fusion tables. <http://www.shpescape.com/> [ 2023-04-27 nota do editor]Obsoleto. Google Fusion Tables foi descontinuado.
Professor, obrigada por ter disponivel em kmz a delimitacao geografica dos municipios do Brasil.
Obrigado pelo prestígio, Cláudia!
José, muito obrigado!
Procuro e preciso destes dados deste 1995, e desde que comecei a usar os dados oficiais do site do IBGE em 1996 eu anseio por estas informações. Nos últimos anos tentei aprender a usar diferentes softwares de geoprocessamento para converter os .shp em .kml mas minha inteligência e disciplina não foram suficientes, de modo que mais do que imensamente grato, estou profundamente admirado com sua habilidade e dedicação em disponibilizar estes dados para todxs nós!
Meus parabéns!
Se não for demasiado, como próximos anseios desejaria também encontrar disponíveis os dados topográficos das cartas 1:50.000 também disponibilzadas em .shp pelo ibge, e a malha digital dos rios e bacias hidrográficas nos seus diferentes níveis (desde grandes até microbacias) disponibilizadas pela ANA – Agência Nacional de Águas.
Juntas, essas 5 fontes de dados: i) divisas municipais, ii) topografia, iii) localização da sede dos municípios, iv) limites das bacias hidrográficas e v) respectivos rios, representam possivelmente uma das mais poderosas fontes para planejamento territorial jamais disponibilizadas para proposição e elaboração de políticas públicas.
Mais uma vez, muito obrigado José! Tem minha admiração!!!
Cordialmente
Daniel Jorge Habib
Obrigado pelo prestígio, Jorge!
Com a lei do acesso à informação, talvez você consiga obter estas informações solicitando oficialmente aos órgãos. Eles não poderão negar.
Abraços!
Acho que a chei as bacias hidrográficas: http://www.ana.gov.br/bibliotecavirtual/solicitacaoBaseDados.asp
Excelente trabalho. Parabéns. O que você disponibilizou aqui no seu site é extremamente útil e importante para a sociedade. Obrigado
Valeu o prestígio, Pedro!
Parabéns!
Algumas vezes sou surpreendido quando vejo profissionais que realmente buscam soluções.
É por isso que evoluimos do AT e do MSX e sabemos o que é tecnologia quantica, na informática vivemos o futuro, porém, conhecemos a base de tudo um lugar onde se voce quer algo diferente CRIE!
PARABÉNS!
Valeu o prestígio, Kleber!
Parabéns pelo trabalho vai ser muito útil !!!