Estou aplicando em aula técnicas do que se chama de aprendizado-videogame. É o uso de recursos de videogame no ensino-aprendizado. Identifiquei algumas características dos videogames, uma das atividades mais atraentes do mundo moderno, e aplico em aulas, normalmente entre as atividades mais chatas do mundo moderno. Entre estas características, estão:
- Retorno imediato. O aluno-jogador deve saber imediatamente se acertou ou errou.
- Repetição. O aluno-jogador deve poder repetir a tarefa até acertar. A repetição leva à perfeição.
- Pontuação. “Vale nota”, sempre. Estudante adora nota. Qualquer coisa vale nota, e o estudante sempre sabe sua pontuação.
- Fases. O aprendizado é formado pela superação de pequenos problemas e de um grande problema no final de fase.
Para isto, acho muito útil o sistema gerenciador de aprendizado Moodle, mesmo como suporte de aulas presenciais. Ele tem diversos tipos de atividades perfeitas para o aprendizado-videogame.
Por exemplo, toda disciplina de graduação tem textos básicos que devem ser lidos. Normalmente, o professor se certifica de que os textos foram lidos pedindo resenhas ou resumos. Mas isto exige muito trabalho por parte do professor, para correção. Na prática, o professor nem chega a olhar a resenha, apenas verifica que foi feita e dá nota.
Para substituir esta metodologia de forma produtiva, eu uso o módulo do tipo “Lição” do Moodle. Divido um capítulo de livro em várias partes, e coloco questões de múltipla escolha no final de cada bloco de texto. Coloco quatro questões certas e uma errada, e peço para o estudante assinalar a resposta errada, para obrigar a leitura de mais assertivas corretas. As respostas são embaralhadas sempre que são apresentadas. Não há como “colar” perguntando a ordem das questões para os colegas. Se errar, o estudante pode voltar e tentar de novo. A pontuação é a média de tentativas.
A correção é automática pelo sistema Moodle e a resposta sai na hora, no final da lição. O feedback imediato é importante no aprendizado-videogame, assim como a repetição do teste. Pela repetição, é maior a fixação dos conteúdos.
Levo umas oito horas para preparar uma lição de oito páginas. Faço o escaneamento e OCR dos textos de livros; faço as correções do texto e reformatação de parágrafos, sempre necessários depois do OCR; divido em partes; desenvolvo as questões para cada texto; formato de uma maneira especial para ser importado como “Lição” pelo Moodle (formato GIFT); depois de importada a lição, insiro ilustrações e formato com negritos, itálicos etc.
É uma trabalheira, mas a lição dura vários anos. Nunca mais precisarei refazê-la. Assim, meu banco de Lições vai aumentando de ano para ano.
Gamefication
Andrew Miller tem estudado esta gamefication, isto é, a aplicação de princípios de games em atividades que não são jogos:
In terms of education, gameification has the capacity to completely transform the way students learn, how we assess them, and the criteria for success. Instead of a singular lesson, we are really changing the structure and paradigm of learning the classroom. Terry Heick did a great blog on the subject, and I describe overall structures and give further tips in two separate blogs about using the video game model to build units of instruction. Dr. Judy Willis gives some great specific tips as well. 3D Game Lab has even created a tool and professional development to help you gamify your classroom!
É mesmo muito interessante, pois estou usando o moodle ha mais de um ano para suporte de alunos do curso de Analista de Suporte em Informática e enquanto lia seu artigo fui me lembrando de situações durante a aplicação da plataforma durante as aula. Alguns alunos não se contentam em errar muito e tentam imediatamente melhorar a nota e aqueles que acertaram quase tudo, tentam acertar tudo pra se sentirem satisfeitos. Resumindo, funciona!
Obrigado pelas dicas, vou aproveitar tudo que escreveu aqui.
Bom dia!