O INEP divulga em setembro de 2008 mais uma análise sobre o teste PISA 2006, desta vez sobre os resultados em Ciências. O teste PISA é feito pela OCDE trienalmente com dezenas de países para medir a capacidade dos egressos do ensino fundamental em saírem preparados para a vida, resolverem problemas, e tal.
A mídia dá a seguinte manchete: Brasil está nos últimos lugares em Educação.
Professores e administradores choram o chavão “tragédia da educação brasileira”. Economistas da Editora Abril, como Cláudio de Moura Castro e Gustavo Ioschpe, ambos formados por Yale, mostram como estamos atrasados na Educação (porque a Abril quer vender um sistema educacional para os municípios, claaaaro!).
Mas se a gente relativizar as notas com a riqueza dos países, verá que o Brasil não está tão mal assim. Nossa renda per capita em 2006 foi de US$ 25,81 por cada ponto obtido no teste PISA. A renda per capita do país vencedor, a Finlândia, foi de US$ 63,12. Os finlandeses têm mais de duas vezes a riqueza brasileira para obter o mesmo resultado.
O que tem a ver a renda per capita com o resultado do teste PISA? Tem tudo a ver. Não dá pra comparar a nota nominal de países ricos com a nota de países emergentes ou pobres, porque a educação das pessoas é resultado de oportunidades escolares e informações disponíveis em toda a sociedade. Desde livros que se lê em casa e conversas com os pais até o acesso a jornais, cinema, TV e internet. Passando por escolas boas, evidentemente. É natural que quem tenha mais dinheiro se dê melhor nesse ambiente. Mas se relativizarmos as notas com a riqueza dos países (produto interno bruto emparelhado pelo poder de compra – GDP PPP), teremos uma perspectiva diferente.
Ao fim e ao cabo, com nossa parca riqueza, conseguimos um resultado melhor do que a maioria dos países tidos como desenvolvidos. Veja abaixo os países campeões da eficiência escolar e, no final da lista, os países mais burraldos, aqueles que têm que gastar uma fortuna para conseguir o mesmo resultado que nós. Na rabeira, um país nórdico e — surpresa — o país mais poderoso do mundo.
Portanto, não acredite em tudo o que fala a mídia. Desconfie sempre e vá ao Google Docs fazer as continhas.
Veja todas as planilhas sobre o PISA 2006.
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Os dados mostrados apresentam a relação entre desempenho e PIB, só que a medida correta de eficiência seria expressa pela relação entre desempenho e percentual do PIB gasto em educação. Por exemplo, um país pode ser mais rico que outro, porém este pode gastar mais em educação do que o primeiro.
O outro problema é a relação de causalidade. Em geral não é o aumento da riqueza que trás melhor desempenho educacional, mas sim o aumento do desempenho educacional que aumenta a riqueza. O raciocínio inverso vicia metodologia.
A análise inicial era muito simplista mesmo. A sua sugestão é ótima Raul. Só tenho que acrescentar duas coisas. Além do quanto se gasta, há o como se gasta e dizer que o Brasil obteve o que tinha que obter é um tanto conformista da parte do Meira. Temos que obter mais, gastando mais e qualitativamente melhor. Não importa quanto ajustemos as contas: nosso resultado é uma droga e tem que mudar.
Não quis ser conformista. Concordo com você que precisamos de muito mais eficiência no resultado do pouco dinheiro investido.
Acho que seria mais apropriado comparar quanto cada país gasta em educação, por aluno, com a nota do PISA do que comparar com a renda per capita.
Aliás, se seu raciocinio estiver correto, ficará apenas demonstrado que o Brasil investe mais eficientemente em educação que, por exemplo, os EUA. Porém o ranking do PISA continuará a demostrar que os nossos alunos sabem menos.
Quanta besteira! Pelo visto você acredita que não existam outras variáveis! Quando você diz due "não dá para comparar a nota nominal de países ricos com a nota de países emergentes ou pobres", você quer dizer,na verdade, que não acha justa essa comparação.
Justa ou injusta, essa maneira de querer relativizar tudo é boboca. As uvas são verdes, não é?
Além de "besteira" e "boboca", você teria algum argumento para sustentar seu ponto de vista?
Grande Meira!
Esta série de textos sobre avaliações educacionais merecem um destaque no seu blogue.
A grande inprensa as vezes fala besteira por má-fé (caso da Veja) mas as vezes por ignorância mesmo!
abraços
Valeu, Sérgio!
É verdade, na maior parte das vezes a mídia não tem especialistas em Educação e tropeça em estudos como este.