Editoração: quanto menos quadros, melhor

Muita gente tem o hábito de fazer a diagramação de jornais e revistas com montes de quadros de texto. Por exemplo, o pessoal abre um quadro para a cartola da notícia, abre um quadro para o título, outro quadro para o subtítulo, um quadro para cada coluna de texto.

Essa abordagem é muito antiquada. Ela imita a montagem manual de jornais nos anos 80: os pedacinhos de texto fotocomposto eram colados à mão numa folha de montagem em papel gessado. A metáfora deste tipo de montagem foi adotada pelo PageMaker em 1986, e levou anos para que os programas de editoração desistissem dessa mania.

Como NÃO fazer quadros de texto para notícias

Os problemas que essa abordagem causa são a falta de produtividade e a falta de precisão na montagem. Isto porque um diagramador, “a olho”, demora muito ou nem consegue ter precisão na colocação destes elementos. Os parágrafos, em programas de editoração, têm atributos de espaço em cima e embaixo que agilizam o posicionamentos dos textos. No entanto, isso só funciona se os elementos estiverem todos em um único quadro de texto.

Os melhores programas, como o Corel Ventura, exigem que se abra apenas um quadro de texto e se jogue todo o texto dentro. Os títulos, no Ventura já têm o atributo “ignorar as colunas do quadro”. Então, a cartola, o título e o subtítulo entram “de fora a fora”, ocupando toda a largura do quadro, enquanto que o texto da matéria corre pelas colunas, obedecendo às divisões. Pá, pum, foi!

Outros programas (PageMaker, InDesign, QuarkXpress, Scribus), inexplicável e burramente, ainda exigem que se abra um quadro para os títulos e outro quadro para as colunas de texto. Criei script noScribus que já faz a diagramação de matérias automaticamente , depois que o diagramador especifica tamanhos de títulos e quantidades de colunas. Estou estudando InDesign para fazer o mesmo com ele.

Maneira produtiva de fazer notícias com texto em blocos

Pior ainda é quando os diagramadores se dão ao trabalho de abrir coluna por coluna de texto. Essa abordagem “PageMaker” não deve mais ser usada, pelo perda de produtividade e falta de precisão. Por exemplo, se a foto aumenta ou diminui, o diagramador tem de ajustar todas as colunas manualmente. Se todo o espaço da matéria é modificado, então, todas as colunas têm de ser modificadas.

Hoje, o bom diagramador abre um quadro para o título, um quadro para o texto e divide este quadro em quantas colunas quiser. Já as fotos devem ter o aributo de afastar o texto automaticamente (text wrap, no InDesign).

José Antonio Meira da Rocha

Jornalista, professor das áreas de Editoração e de Mídias Digitais na Universidade Federal de Santa Maria, campus cidade de Frederico Westphalen, Rio Grande do Sul, Brasil. Doutor em Design pelo Programa de Pós-Graduação em Design (PGDesign)/Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, Brasil, 2023. Mestre em Mídias pela UNISINOS, São Leopoldo, RS, Brasil, 2003. Especialista em Informática na Educação, Unisinos, 1976.

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  • Olá, Alexandre!

    A venda de publicidade por centímetros de colunas é uma tradição comercial do jornalismo impresso. A modulação poderia custar um pouco mais, ou este espaço a mais poderia ser usado como argumento de vendas: quanto mais módulos, mais espaço o cliente ganha (o espaço de 5 milímetros entre os módulos).

    De qualquer forma, o custo de publicidade deve ser calculado dividindo-se o custo por página pelo número de módulos.

    Por outro lado, os dois sistemas podem conviver juntos. Com o tempo, o setor comercial começará a ver as vantagens da modulação em termos de simplicidade e otimização dos processos burocráticos e produtivos do jornal.

  • Queria tirar uma dúvida e ao mesmo tempo fazer uma sugestão. O espaco para publicidade em um jornal é cobrado por número de larguras vezes a altura, certo? Por exemplo uma nota publicitária de 2 colunas e 15 cm de altura é cobrada como uma nota, de 3 colunas e 10 cm. A segunda opção deveria custar mais caro, já que ocupa um número maior de colunhas e diminui o espaço para venda de outros clientes do jornal. Por que o jornal não toma essa estratégia de venda?Obrigado pela atenção.

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José Antonio Meira da Rocha

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