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Dossiê Nassif e o Vejagate

Meio off-topic, meio não, meio calabresa, meio quatro queijos.

Está esquentando a briga pelo bom jornalismo deflagrada pelo Luis Nassif. O que interessa, no nosso caso, é que o ringue é a Web, onde o jornalista econômico-cultural se degladia com Reinaldo Azevedo, da tropa de choque da revista Veja. Alguns artigos bons pra entender o factóide “dossiê Dilma Rousseff” e o jornalismo de esgoto da revista Veja:

  1. Tapiocas e bruxarias. Post do Nassif com pistas jornalísticas sobre a montagem do suposto “dossiê” supostamente preparado por Dilma Rousseff.
  2. Teles-jornalismo, de Claudio Tognolli no Observatório da Imprensa, sobre como as disputa das telefônicas está envenenando a imprensa.

Para os estudantes de Jornalismo (ou ingênuos como eu), uma lição de que não se deve acreditar em tudo. Nem só o que sai na internet merece nossa total desconfiança.

Algumas dicas para montar um factóide que escandalize a classe média:

  1. Chame algum amontoado de dados de “dossiê”. Onde está a palavra “dossiê”, tem sacanagem.
  2. Sequer cite de onde teria saído a fonte do “dossiê”. Ele existe, e isto basta.
  3. Use fartamente o “se“. Os políticos precisarão bastantes destas frases. “Se isto for verdade, é muito grave para a República”. “Se o presidente vendeu o país para extraterrestres, deve ser exemplarmente punido”.
  4. Crie uma expressão terminando com “-gate“, como Dilmagate, para ligar ao escândalo Watergate. Espalhe distraidamente em cada coluna de seu veículo, mesmo que o assunto (“Fumaça em boa hora”) não tenha nada a ver com o “dossiê”.
  5. Diga que é escândalo, mesmo que não seja. Se for repetido bastante, acabará parecendo que é.
  6. Depois disso, toda a mídia preguiçosa irá atrás globalmente, “repercutindo” o “escândalo do dossiê Dilmagate”.

Desenvolvendo a maestria nestas técnicas, você estará apto a trabalhar na revista Veja, o esgoto do jornalismo brasileiro.

José Antonio Meira da Rocha

Jornalista, professor das áreas de Editoração e de Mídias Digitais na Universidade Federal de Santa Maria, campus cidade de Frederico Westphalen, Rio Grande do Sul, Brasil. Doutor em Design pelo Programa de Pós-Graduação em Design (PGDesign)/Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, Brasil, 2023. Mestre em Mídias pela UNISINOS, São Leopoldo, RS, Brasil, 2003. Especialista em Informática na Educação, Unisinos, 1976.

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