A técnica de impressão offset, mais usada em jornais, só imprime em “áreas chapadas”, ou seja, determinada área do papel recebe tinta ou não. Não existe meio termo. Com o método tipográfico, usado anteriormente, também era assim. Dessa maneira, não poderíamos imprimir fotos e ilustrações com diversos tons de cinza se não fosse pela técnica de retícula (Screening ou halftone, em inglês).

Por esta técnica, inventada no século 19, imagens em tons de cinza são decompostas em pequenos pontos. Através de uma lupa apropriada (que os gráficos chamam de “conta-fio”), podemos ver de perto estes pequenos pontos. Ao lado vemos um conta-fio posicionado sobre a foto.

O diâmetro destes pontos varia conforme a área da fotografia seja mais escura ou mais clara. O efeito pode ser visto na imagem ao lado (Clique na foto para ver a imagem grande). Assim, vista de longe, a fotografia impressa parece ser constituída de tons de cinza, não de preto-e-branco. A reticulagem é feita nas gráficas pelos equipamentos gráficos digitais, hoje em dia.

No entanto, temos que ter cuidado na preparação de fotos para impressão em jornal. Qualquer tipo de impressão vai modificar o diâmetro dos pontos porque o papel absorve um pouco da tinta (e o papel jornal tem de absorver bastante tinta porque ela não seca por evaporação, seca por absorção, devido à velocidade de impressão).

Os pontos grandes, em áreas escuras, vão ficar um pouco mais espalhados, escurecendo ainda mais a área. Por outro lado, os pontos pequenos podem ficar menores, na preparação da chapa de alumínio da impressora offset, ou a chapa pode gastar um pouco com o tempo de impressão. Assim, pontos pequenos em áreas claras podem ficar menores, clareando ainda mais a área. Isso se chama ganho de ponto, em artes gráficas.

As fotos impressas precisam ter um mínimo de pontos pretos em áreas claras (branco total) e um mínimo de pontos brancos em áreas totalmente pretas. Para conseguir este efeito, temos de corrigir o ganho de ponto nas fotos para impressão alterando a chamada “curva de tom”. Caso contrário, teremos áreas “chapadas”, totalmente brancas ou totalmente pretas. Perderíamos detalhes da fotos, caso isto acontecesse.

Para fazermos o tratamento de fotos para impressão em preto e branco, primeiro temos que converter as fotos para tons de cinza. Qualquer programa de edição de foto tem este recurso em algum lugar bem acessível. Em geral, esta opção está no menu “Imagem > Modo > Tons de cinza” ou algo do gênero. As imagens de computador têm 256 tons de cinza (profundidade de cor de 8 bits), o que é mais do que suficiente para o olho humano enxergar belas fotos.

Depois de transformada em tons de cinza, as fotos precisam ter suas áreas claras escurecidas e suas áreas escuras clareadas, o que se faz alterando a “curva de tom”, em geral também no menu “Imagem” dos programas de tratamento de foto.

Cada tipo de papel e cada tipo de impressora tem um ganho de ponto diferente. As gráficas fornecem tabelas que descrevem este ganho. Grosso modo, para fotos a serem impressas em papel jornal, podemos clarear 25% as áreas escuras e escurecer 25% as áreas claras de uma foto em tons de cinza. Com isso, a foto vai ficar com pouco contraste na tela do computador, mas o resultado final, impresso, ficará perfeito.

A seguir, temos de corrigir a faixa média de tons. Isto é particularmente importante no caso de rostos de pessoas, para que os tons criem a sensação de volume no rosto, não deixem a pessoa com a “cara chapada”. Esse ajuste varia de foto para foto. Se a foto tem muitos tons escuros, a curva deve ser mais clareada, e vice-versa. Apenas a prática leva a um ajuste perfeito, depois de se ver as fotos originais, o ajuste e a impressão.

José Antonio Meira da Rocha

Jornalista, professor das áreas de Editoração e de Mídias Digitais na Universidade Federal de Santa Maria, campus cidade de Frederico Westphalen, Rio Grande do Sul, Brasil. Doutor em Design pelo Programa de Pós-Graduação em Design (PGDesign)/Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, Brasil, 2023. Mestre em Mídias pela UNISINOS, São Leopoldo, RS, Brasil, 2003. Especialista em Informática na Educação, Unisinos, 1976.

View Comments

Recent Posts

Sempre faça um fotão

Colheita de soja. Foto: Wenderson Araujo/Trilux Fotógrafos de mídias rurais já perderam a conta das…

1 year ago

A corrupção dos tolos

João Batista MezzomoAuditor fiscal O que está por trás de tudo o que está acontecendo…

4 years ago

Naomi who? Naomi Wu!

A.k.a. "SexyCyborg". A mulher do século 21. Naomi Wu testa seu iluminador de implantes na…

5 years ago

Raspagem de dados

A principal ferramenta do jornalista de dados é a planilha, tipo LibreOffice Calc, M.S. Excel…

5 years ago

Que estratégia político-terapêutica pára um governo deliroide?

Rita Almeida, 9 de março de 2019 Psicóloga Rita Almeida: não delirantes, mas deliroides. Não…

6 years ago

Sua tia não é fascista, ela está sendo manipulada

Rafael Azzi5 de outubro de 2018 Você se pergunta como um candidato com tão poucas…

6 years ago