Ranking da corrupção: furada da imprensa

Mais uma vez o ranking da PERCEPÇÃO DA CORRUPÇÃO é divulgado. E mais uma vez a imprensa confunde “corrupção” com “percepção da corrupção”, como a Folha online e o Jornal Nacional da TV Globo. No dia seguinte à divulgação, todas as notícias sobre o ranking, em todas as mídias, erraram.

Para mostrar as armadilhas de tal índice, basta ver que a Suíça, um dos países mais corruptos do mundo (pois recebe o dinheiro da corrupção de todo o planeta), um país que ajudou os nazistas com armamentos e rotas de fuga, que enriqueceu com o ouro de judeus e de nazis, se acha um dos dez países mais íntegros do mundo.

Os do hemisfério norte certamente não consideram que suas multinacionais estão freqüentemente envolvidas com casos de corrupção no terceiro mundo.

Já o brasileiro adora achar que mora numa droga de país, num curioso complexo de auto-depreciação. É natural que se ache também um dos mais corruptos, embora eu não conheça pesquisas confiáveis sobre o tema.

Marcelo Soares, responsável pela organização brasileira Transparência Brasil, considera que o ranking tem problemas metodológicos sérios:

No ano passado, quando a Transparência Brasil ainda fazia parte da Transparency International, enviamos à imprensa uma nota fazendo reparos a essa metodologia. Vale a pena ler. (http://www.transparencia.org.br/miscelanea/cpi-2006.pd)

Esse ranking da Transparência Internacional ficaria melhor com o nome de “Ranking da auto-estima”.

Saiba mais sobre a Transparência Internacional na Wikipédia.

About José Antonio Meira da Rocha

Jornalista, professor das áreas de Editoração e de Mídias Digitais na Universidade Federal de Santa Maria, campus cidade de Frederico Westphalen, Rio Grande do Sul, Brasil. Doutor em Design pelo Programa de Pós-Graduação em Design (PGDesign)/Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, Brasil, 2023. Mestre em Mídias pela UNISINOS, São Leopoldo, RS, Brasil, 2003. Especialista em Informática na Educação, Unisinos, 1976.