Categories: Editoração

Sou contra livros

Na verdade, nada contra livros. Eles são legais e são nossos amiguinhos. Mas a Web foi feita para compartilhar de forma rápida e barata a informação. Há mais de quinze anos. Porque as pessoas continuam divulgando informação unicamente por livros pagos? Parece-me que ainda é forte o pensamento de fazer dinheiro vendendo papel manchado de tinta.

Mas tem o seguinte:

  1. Obras online não baixam as vendas de obras impressas. Pelo contrário: incentivam e popularizam a obra.
  2. Quem faz dinheiro com livros não são os autores comuns como nós. São o editores, os livreiros e meia dúzia de best-sellers. A maior parte da produção bibliográfica não é comercial a ponto de merecer as árvores que matou.
  3. O que importa não é o suporte, é a leitura. Nunca tantos leram e escreveram tanto quanto na internet.
  4. Quem não é lido, não é citado. Serão mais citados e debatidos os autores que tiverem sua obra mais disponível aonde as pessoas vão quando querem saber alguma coisa: no Google. Portanto, um autor ganha muito mais deixando sua obra aberta na internet do que enterrando em 1000 exemplares de papel. Não ganha dinheiro, ganha em um bem mais precioso hoje em dia: a cabeça das pessoas. As pessoas operam informações em suas cabeças através do complexo sistema nervoso, sinpases etc. Se milhões de pessoas tiverem uma informação sobre mim em suas cabeças, eu serei “dono” de milhões de informações nas cabeças das pessoas (na verdade, a pessoa é dona de mim, já que os neurônios são dela). Esta é a riqueza.
  5. Milhões de pessoas, quando querem alguma coisa, vão pro Google. Não vão à biblioteca. As pessoas querem as coisas na rede. As pessoas pegam as coisas na rede. As pessoas lêem milhões de vezes mais coisas na rede do que nas bibliotecas.
  6. Quem não está botando sua obra inteiramente aberta, livre e solta na internet, está perdendo o bonde.
José Antonio Meira da Rocha

Jornalista, professor das áreas de Editoração e de Mídias Digitais na Universidade Federal de Santa Maria, campus cidade de Frederico Westphalen, Rio Grande do Sul, Brasil. Doutor em Design pelo Programa de Pós-Graduação em Design (PGDesign)/Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, Brasil, 2023. Mestre em Mídias pela UNISINOS, São Leopoldo, RS, Brasil, 2003. Especialista em Informática na Educação, Unisinos, 1976.

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  • Livro: Contra ou a favor.

    Meira, suas colocações de quem ganha com os livros fazem sentido. Porém, acredito que sempre cai nos mesmo buraco: "não existe almoço de graça". Infelizmente, a dita era do conhecimento está em segundo lugar, ou seja; primeiro o dinheiro, depois tudo o que mais existe. Não que eu concorde com isso, mas é assim mesmo: nosso mundo moldou-se na seguinte frase: tudo está ótimo desde que não mexam no seu bolso.

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