Com o espaço comercial de um jornal diário definido pela manhã ou no início da tarde, pelo departamento comercial, a redação pode começar a desenhar a página. Alguns autores chamam isto de “arranjo macro”, porque é o arranjo de grandes blocos de anúncios e matérias. O editor trabalha com o diagramador e, juntos, riscam os espaços para as matérias, conforme a altura dos anúncios.
A experiência de décadas de trabalho em oficinas de jornais deu origem a uma série de regras que geralmente funcionam, na colocação de publicidade e conteúdo editorial em jornais. Estas dicas foram passadas a mim nos anos 1990 pelo mestre Izaltino, experiente tipógrafo com passagens pelas oficinas do velho Correio do Povo e Zero Hora (Porto Alegre, Brasil).
- Anúncios grandes ficam para o lado de fora das páginas, em baixo. Como são grandes, eles serão vistos de qualquer forma.
- Anúncios médios ficam acima e dos lados dos grandes.
- Anúncios pequenos formam uma “escadinha”, entre os grandes e médios. Assim, eles se destacam mais, apesar de serem pequenos.
- A pirâmide deve descer para o centro da página, não para fora da página.
- Deve-se evitar pilhas porque isto tende a “sufocar” os pequenos anúncios. E afinal, “você tem que valorizar o pequeno anunciante, para que ele se torne um grande anunciante!”, como recomenda o tipógrafo Izaltino.
- Só podem ser empilhados os anúncios de indicadores profissionais, por exemplo, ou outro tipo de anúncio relacionado a segmentos comerciais. Se faz isto para definir bem que é uma seção específica.
Na ilustração ao lado, que representa uma página de jornal tablohttps://meiradarocha.jor.br/news/2007/06/13/pre-diagramacao-em-jornal-e-revista/ide com modulação comercial, os anúncios (retângulos grisê) foram colocados em pirâmide. Os números representam a ordem de colocação, que é feita pelo departamento comercial.
Colocação de matérias
Essa diagramação em pirâmide é ótima para os anunciantes, mas ruim para o diagramador, que tem o desafio de tornar interessante um espaço em escadinha aparentemente impróprio para diagramação. No entanto, o artista gráfico deve tirar partido deste layout, em vez de fazer com que matérias editoriais e anúncios briguem dentro da página.
Atualmente, não se admite o chamado “joelho” na diagramação (dog leg, pata de cachorro, em inglês). O joelho é formado por colunas de matérias que terminam em alturas diferentes. Para se evitar joelhos, as matérias têm que caber em um retângulo, não em um polígono. Entretanto, até grandes jornais como New York Times ou Folha de São Paulo cometem joelhos.
Para se eliminar joelhos, a primeira providência é transformar a escadinha formada pelos anúncios numa escadona, fechando alguns degraus com pequenas materinhas, notinhas e, eventualmente, calhaus (anúncios do próprio jornal, pré-desenhados e prontos para qualquer eventualidade). Assim, o diagramador terá espaços retangulares maiores para colocar matérias maiores. Procure deixar espaços maiores na parte de cima da página para as matérias principais.
Na ilustração ao lado, as matérias (retângulos azuis) foram dispostas de maneira a fechar os degraus da escada, sempre em blocos retangulares e sem deixar “joelhos” na diagramação. Cada quadro azul corresponde a uma matéria diferente. Os números representam a ordem de colocação:
A altura dos anúncios determina a altura das matérias. Assim, ao leitor parecerá que toda a página foi cuidadosamente desenhada (o que é verdade).
- Observe que as páginas destes exemplos são diagramadas conforme uma modulação comercial e editorial de jornal, comentado no artigo sobre disposição de anúncios e matérias.
- Também em outro artigo, discuto um método fácil e preciso de fazer o cálculo de texto que cabe em um espaço de matéria jornalística.
- No exemplo acima, os quadros de matérias representam o lugar das matérias. Mas, no PageMaker, estes espaço precisam ser mais divididos: um quadro para os títulos e um quadro para cada coluna de matéria.
- Em programas mais evoluídos, como QuarkXPress, Ventura, InDesign ou Scribus, não é necessário abrir um quadro para cada coluna. Você abre um quadro para o título e um quadro para o texto. Depois, você determina que o quadro tenha mais de uma coluna e o texto entrará em colunas automaticamente.
- Com o Corel Ventura, que foi o melhor programa de editoração durante anos, você abre apenas um quadro, como no exemplo acima. Ao colocar o texto dentro do quadro, a matéria já fica automaticamente formatada. O título já foi definido para não obedecer à divisão de colunas e fica com a largura total do quadro. O texto deve obedecer às colunas e fluir automaticamente. Além disso, o Ventura distribui as linhas de texto igualmente pelas colunas (balanceamento) de maneira que a última colunas não fique com menos texto. Também faz a justificação vertical. Ou seja: o texto fica alinhado em cima e em baixo. Isto é complicado de se fazer com o PageMaker. Quase impossível, num jornal diário que tem pressa de ser finalizado.
rapaz, achei massa tua matéria, mas não concordo que o melhor programa seja o corel ventura não, na minha opnião o melhor programa é o adobe indesign cs4, esse sim eh tampa, se tiver a oportunidade de dar uma sacada nele, vai ficar fã, e o melhor, ele eh bastante estavel, o que não acontece com os programas da corel.
Obrigado, Glauber! Bom que o artigo esteja sendo útil. De fato, o InDesign é um excelente programa que prima pela estabilidade. Mas ainda carece de alguns recursos que o já ultrapassado Corel Ventura tem: capacidade de trabalhar com documentos estruturados (lidar com notas de rodapé, por exemplo), sem falar da possibilidade importante para jornais: abrir apenas um único quadro de texto, jogar a matéria dentro e pronto! Fica título posicionado, colunas perfeitamente equilibradas e bem justificadas verticalmente. No InDesign, Quark Xpress e Scribus a gente tem que abrir colunas separadas e ligá-las. E equilibrar e justificar colunas é um parto…
Achei seus tópicos muito interessantes, inclusive poque dou aulas e eles me auxiliaram no meu estudo teórico.
Só que dizer que o Corel Ventura é o “melhor programa de editoração atual”… forçou a barra, hein?
Olá, José Antônio, fiquei muito interessada em adquirir este corel, pois estou editanto um jornal no Corel X3, acho ele muito fácil de comandar, mas com a sua indicação do Corel Ventura, achei muito mais prática a diagramação.
Como faço para adquirir gratuitamente o programa Corel Ventura?
Obrigada pela Atenção.
Olá, Roberta!
O Corel Ventura é um programa comercial. Você terá de contatar diretamente a Corel (http://www.corel.com.br).
Legal que estes artigos esteja sendo úteis, Maurino! Abração!
Achamos bastante interessante e de proveito para nós que editamos um jornal na cidade da Lapa. A falta de contatos mais assíduos com a editoração de bons jornais nos deixa meio ‘por fora’ das novidades. Por isso, quando deparamos com orientações como essa, procuramos colher o máximo para utilizarmos e atualizarmos o nosso jornal.
Parabéns pelas informações.
Maurino de Souza
Editor