Volta e meia, a cada número redondo que atinge, o impostômetro dos empresários paulistanos aparece nos noticiários. Impostômetro pra cá, impostômetro pra lá, o impostômetro é notícia em todos os noticiários da TV, rádio ou internet. Invariavelmente, vem junto a ladainha sobre alta carga tributária, gastos públicos, desperdício do dinheiro público.
Contraditório? Contextualizações? Comparações? Podem esquecer! A imprensona conservadora no Brasil não usa mais estas práticas obsoletas do jornalismo, conforme foi apregoado no fórum do Instituto Millenium de 2010. “Grande imprensa” agora é partido político, sugere Judith Brito, presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ). É mais fácil divulgar informações falsas, como “o Brasil tem uma das maiores cargas tributárias do mundo”, do que fazer um site útil e decente como Where Does My Money Go ou o brasileiro Para Onde Foi o Meu Dinheiro?
O jornalista editor de TV Marco Aurélio Mello já desmascarou a parcialidade com uma história de redação que mostra a falta de metodologia do impostômetro e mostrou como a imprensona manipula informação.
Aqui, contextualizo os números do impostômetro. Já que William Homer e Joelmir Beting não fazem o trabalho deles, eu faço. Aí abaixo está a comparação de arrecadação per capita em dezenas de países no mundo, com dados de 2009.
Posição em ranking não significa nada, mas os noticiários adoram. Então, tome: existem 20 países com carga tributária mais alta que o Brasil, e o país ocupa a longínqua 49ª posição em arrecadação. E repare como a maioria dos países desenvolvidos têm altas cargas tributárias. Tem que ser assim mesmo. Civilização tem seu preço.
[Atualização: em 2012 o Brasil caiu para 33ª posição no ranking da carga tributária!]
Quando se argumenta com conservadores que a Dinamarca tem 50% de carga tributária, comparada com os 38% do Brasil, a resposta vem pronta: “Mas olhe a qualidade dos serviços públicos na Dinamarca!”.
Não conheço nenhuma pesquisa que compare qualidade de serviços públicos no mundo. Na Educação, em Os países mais burraldos do mundo, já demonstrei que o Brasil está exatamente na posição que deveria estar, pelo que gasta em Educação. E qualidade custa dinheiro. Por acaso querem serviço dinamarquês de 18 mil dólares per capita por apenas 4 mil dólares per capita? O empresário brasileiro é bom no que faz, mas jamais conseguiria este milagre de produtividade…
Queremos serviços de nível europeu? Teremos, quando tivermos PIB europeu.
Veja a planilha de carga tributária mundial completa. As fontes dos dados são insuspeitas: CIA e The Heritage Foundation. Mais “conservadoras”, impossível.
Veja o mapa dos impostos. Quanto mais verdinho o país, mais verdinhas arrecada, em porcentagem do PIB. Veja como impostos altos estão ligados a países desenvolvidos, em geral (Passe o mouse por cima dos países).
E aqui, a arrecadação per capita em dólares, equalizada pelo poder de compra.
Finalmente, a riqueza das nações: a renda per capita, em dólares, equalizada pelo poder de compra:
Leia mais sobre a impostura do impostômetro.
E sobre o impostômetro e os impostores.
Leia mais sobre Ética concorrencial.
E conheça o Sonegômetro!
Fala, Meira!
Também achei seu blog lá no Nassif.
Li esse treco de impostômetro, algo realmente sem sentido.
Mas lembrei de um cara bão da Defesa do Consumidor, que uma vez que a Associação Comercial vivia pegando no pé dele para apoiar a ideia de colocar o preço do imposto na etiqueta dos produtos – “como lá nos Estados Unidos”…
E, ele disse que virou para os caras e disse: “Eu topo!”
(SURPRESA!!!)
E concluiu: Topo desde que em cada produto tenha também uma etiqueta com o indicativo do LUCRO que ele gera para cada empresa.
E aí quem desconversou foi o pessoal do papo furado…
Então, se o pessoal da BAND e das congêneres começa a falar muito de imposto, de salário de servidor, a gente tem que começar a perguntar quanto eles tão levando em cada publicidade, quanto ganham estes “âncoras” para dizerem ao povo um só lado da moeda…
Huahuahuahua! Genial, Alexandre!
Vou incluir em meu “arsenal” esta proposta!
Abração!
José Antonio Meira da Rocha,
Vi seu comentário de 13/04/2010 às 12:50 no blog do Luis Nassif junto ao post “O que pode abortar a expansão da economia” de 13/04/2010 às 09:01 em que Luis Nassif dá destaque para o artigo de Yoshiaki Nakano no Valor Econômico de 13/04/2010 intitulado “O que falta para sustentar o crescimento”. Fiz comentário ao seu comentário e fiz menção ao seu comentário junto ao comentário de 13/04/2010 às 9:31 do Wilson. Pena que o meu comentário fora feito quando o post estava em páginas já bem passadas (Comentário de 20/04/2010 às 13:34)
Vim ao seu blog e gostei muito deste post “A impostura do impostômetro” de 07/04/2010 às 18h42min e de outros principalmente os que tratam sobre educação.
Lembrar aqui que o link para o seu blog no seu nome está errado pois em lugar de jor está jot. Penso que você deveria fazer mais chamada para este seu post. Há um post bom sobre carga tributária no blog do José Paulo Kupfer que já está mais antigo, mas bem que merece um link ao seu blog.
E faço também menção a uma série de comentários que eu enviei para um post no antigo blog do Luis Nassif Projetobr. Trata-se do post “A nova reforma fiscal” de 29/02/2008 às 07:00 e se encontra na aba de economia (Basta ir no endereço wwwPONTOprojetobrPONTOcomPONTObr/web/blog/6 e lá ir no mês de fevereiro de 2008)
Clever Mendes de Oliveira
BH, 22/04/2010
Olá, Clever!
Obrigado pelo prestígio e pelas sugestões!
Muito obrigado, professor. Sinto-me muito lisonjeado.
Eu é que agradeço informações suas, Marco, e de gente como Rodrigo Vianna, Ivson e tantos outros. A população precisa saber como são feitas as salsichas.