Abaixo o jornal alto

Em meus trabalhos de planejamento gráfico pelo Brasil adentro, tenho me deparado muito com jornais “standard”, o formato largo (broadsheet) bom para cobertor de sem-teto mas ruim para se ler tomando o café da manhã. Quando sugiro a mudança para o formato menor, tablóide (o que sempre faço), a resposta não varia muito:

— O público está acostumado.

— Tablóide parece sensacionalista.

— Aqui na região o pessoal acha que só é jornal se for grande.

Então a culpa é do Público Leitor. Tenho que me dirigir ao caríssimo Público Leitor, e pedir: “Pense bem, Público Leitor”:

  • Um tablóide é mais fácil de manusear na mesa do café, no ônibus, no trem, no banheiro, no cavalo.
  • As matérias estão sempre na frente dos seus olhos.
  • O jornal fica mais grosso, com mais páginas, dando a impressão de que tem muito mais coisas para ler do que um standard.
  • É mais fácil de produzir, em função do tamanho de provas de impressão e de fotolito.
  • É mais barato para o anunciante porque os anúncios são menores.
  • É mais fácil de imprimir, porque não exige equipamentos grandes e caros.

Quanto ao aspecto sensacionalista, convenhamos: se um jornal vai parecer sensacionalista ou não (nada contra, eu gosto) é pela linha editorial que adota, pelo bom jornalismo, pela gestão jornalística competente. Pode ser até um tablete (aliás, as revistas são tablete), que, tendo uma política editorial definida, em pouco tempo o leitor aprende que o jornal é “sério”.

Ninguém acusaria de sensacionalistas dois dos veneráveis britânicos: The Times e Independent trocaram o formato e o resutado fou muito bom. Se se os britânicos, que inventaram o standard, chegaram à conclusão que o tablóide é melhor, por que seguir publicando com este formato anacrônico?

Então, caro Público Leitor, quem sabe você dá uma chance para o tablóide? A indústria jornalística agradecerá, um dia.

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Aqui estão alguns links sobre o tema. A discussão sobre mudança de formato para tablóide vem aumentando nos últimos anos.

About José Antonio Meira da Rocha

Jornalista, professor das áreas de Editoração e de Mídias Digitais na Universidade Federal de Santa Maria, campus cidade de Frederico Westphalen, Rio Grande do Sul, Brasil. Doutor em Design pelo Programa de Pós-Graduação em Design (PGDesign)/Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, Brasil, 2023. Mestre em Mídias pela UNISINOS, São Leopoldo, RS, Brasil, 2003. Especialista em Informática na Educação, Unisinos, 1976.